2.1.09

Um filme: "Click", com Adam Sandler


Daqueles filmes que não conhecemos, vemos por acaso e quando damos por nós, estamos agarrados à trama como se fizessemos parte dela...

Um filme teoricamente de segunda linha. Quase diria, série B.

Adam Sandler é um jovem arquitecto que tem de provar no seu emprego ser merecedor de ascensão na carreira... A família (mulher e dois filhos) fica constantemente para trás. Ele farta-se das discussões com a esposa, das entediantes massagens que ela quer que ele faça como preliminares sexuais. Até o facto de estar doente o entedia, enfim...

Quando, por mero acaso, decide adquirir um comando universal (ele não conseguia distinguir o comando da garagem do comando da TV) apercebe-se de que o comando é mesmo universal... controla a vida dele. Pode fazer avançar mais rápido para saltar capítulos (discussões, tempo que falta até ter um trabalho cumprido ou ser promovido, tempo em que está doente, etc).

Mas o vendedor apenas o avisou de que o artigo não tinha devolução, não que o comando tinha memória, e em situações idênticas, o comando automaticamente fazia avançar (Forward)...

Salta promoções, doenças, discussões, até que acorda um dia já presidente da empresa, mas sem a família. A mulher está com um parolo qualquer, e vive com os filhos. Ele está sozinho.

As suas tentativas de resolver o passado são infrutíferas, porquanto à mínima discussão, doença, etc, o comando faz a sua vida avançar rapidamente. Está velho, morbidamente gordo e sozinho. Não é o bom exemplo. Ao invés, o totó que vive com a sua "ex", é-o.

Finalmente, no casamento do seu filho, escuta a sua filha chamar "Pai" a Bill, o totó que vive com a sua "ex"... e rebenta-lhe uma veia no cérebro.

Vai parar ao hospital, onde é visitado pelos filhos. O filho, que entretanto seguia as suas pisadas na empresa, conta-lhe que vai adiar a lua-de-mel devido a uma reunião importante... O nosso arquitecto tenta dizer ao filho que não fizesse como ele... "a família vem em primeiro", tenta, sem fôlego, articular... mas não consegue, está simplesmente muito debilitado.

Os filhos saem. Ele desliga-se da máquina que o agarra à vida e corre atrás.

As suas últimas palavras foram para a família... para quem antes não ligava nenhuma...

Morreu, mas teve uma segunda oportunidade, dada pelo "anjo da morte" que lhe havia oferecido o comando.

E aproveitou-a.

Adorei este filme, espero que quem conseguir o veja, porque faz-nos realmente pensar na vida, nas prioridades, nas relações, no Eu e no Outro.

Será a vida tão difícil que precisemos de um comando para a controlar?

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