25.2.10

Gaiteiros de Lisboa - Lenga Lenga

Um grande concerto que vou ver na sexta, no Casino da Figueira...

Um grande grupo de Música Tradicional Portuguesa.

Um grande grupo de percussão.

Um enorme grupo de Gaiteiros.


New Order - Turn My Way

Alguém se lembra que o Billy Corgan dos Smashing Fucking Pumpkins participou no álbum "Get Ready", dos britânicos New Order, como guitarrista? E como vocalista na música "Turn My Way"?

Um encontro, não direi de génios, mas de gente predestinada para a boa música.

Deixo-vos aqui a moda... MUITO BOM SOM!

20.2.10

Lendo... Hemingway


Relendo antigos "posts" do meu blogue "O Papa-Léguas", arrebatou-me este lindo pedaço de literatura de Hemingway, que estava a ler na altura. "Por quem os Sinos Dobram" continua hoje, 6 anos passados, a ser para mim um dos melhores romances que jamais li.

Aqui deixo o excerto que seleccionei em 2004:

"(...)Maria era encantadora.
Olha para ela, disse-se. Contempla-a.
E vi-a caminhar alegremente ao sol, com a camisa de caqui desabotoada no pescoço. Caminha como um potro, pensou Jordan. Nunca encontrei ninguém assim. Estas coisas não acontecem na realidade. Mas talvez esteja a sonhar ou talvez me deixe arrastar pela imaginação, pensava ele, e nada tenha acontecido. Lembrava-se de se ter encontrado, em sonhos, na cama, acompanhado de actrizes de cinema que lhe prodigalizavam carícias. Tinha-as possuído a todas e lembrava-se ainda de Garbo e Harlow. Sim, Harlow, tive-a muitas vezes. Talvez ainda sonhasse.
Jordan ainda se lembrava da noite em que Greta Garbo veio para a sua cama, na noite que antecedera o ataque a Pozoblanco; trazia uma macia camisola tecida com uma lã doce e sedosa. Quando ele a abraçava e ela se inclinava, sentia os cabelos a acariciarem-lhe o rosto. E ela perguntou-lhe porque não confessara que a amava, a ela que o amava há tanto tempo. E ela não parecia nem tímida, nem distante, nem reservada. Era a Garbo dos dias de John Gilbert, boa e meiga e era estranho tê-la abraçada contra ele. Era tão verdadeiro como se tivesse acontecido, e amou-a mais que à Harlow embora fosse só uma vez enquanto a Harlow... e talvez o presente não passasse também de um sonho.
Mas talvez não seja, repetiu-se. Talvez Maria seja realidade e possa estender a mão e tocá-la. Ousarias fazê-lo? Perguntou-se. Talvez te desses conta de que nunca aconteceu nada e de que tudo é produto da tua imaginação, como os teus sonhos onde as actrizes de cinema, amigas velhas, vinham deitar-se no teu saco de campanha, por terra, na palha das eiras, nos estábulos, nos corrales e cortijos , nos bosques, nas garagens, nos camiões e em todas as montanhas de Espanha. Vinham todas meter-se no saco de campanha durante o seu sono e todas eram mais gentis do que poderiam ser na realidade. Talvez tenhas medo de tocar em Maria e verificar que é realidade, repetia-se ele. Mas sim, tu tens medo: sonho, imaginação, irrealidade.
Jordan adiantou-se e pousou a mão no braço da rapariga. Sentiu sob os dedos a macieza da carne debaixo do pano da blusa. Maria encarou-o e sorriu.
(...)"


Ernest Hemingway, "Por quem os sinos dobram", Edição Livros do Brasil, pág. 135.

18.2.10

Jeff Buckley - Grace

Mesmo quando não me apercebo...

Só faço merda.

2.2.10

Águas de Março - Tom Jobim


É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o misterio profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira

É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho

É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projecto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é uma sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã